terça-feira, 15 de maio de 2007

Mensagem aos Estudantes de Comunicação Social

Passamos por uma grande crise em nosso país, provocada pela falta de organização política e social. Mergulhamos nessa situação caótica de miséria, violência, corrupção e falta de cultura geral, que parece ser vantajosa para os grandes grupos econômicos. A educação, que deveria ser a prioridade máxima para reverter esse quadro a médio e longo prazo, cada vez mais perde a qualidade. Até mesmo em universidades, inclusive aqui na Unisinos, já estamos sentindo o impacto de tal calamidade.

O que nós, alunos podemos fazer? A única forma de deixarmos de ser meros expectadores e vítimas dessa realidade é por meio de ação direta. Precisamos de mobilização. Como futuros profissionais de Comunicação Social, temos que descobrir nosso papel na sociedade. Quem detém o poder há muito já descobriu a influência que os meios de comunicação exercem sobre a população de um modo geral. Cabe a nós facilitar uma comunicação livre dos interesses escusos e manipulatórios dos barões da imprensa, agindo de forma ética e competente, assegurando os direitos de todos os cidadãos com responsabilidade social.

Podemos agir desde agora, participando de atividades em nossa comunidade universitária. Uma das maneiras de participar é contribuir direta ou indiretamente com o diretório acadêmico - a entidade de representação estudantil dos alunos. Desta forma, estaremos tomando consciência do que acontece em nosso meio, interagindo, dialogando, tornando públicos idéias e projetos para que, com o trabalho em equipe, possamos construir um futuro mais racional. É de fundamental importância que permaneçamos unidos para que juntos façamos valer a nossa voz, hoje como estudantes e mais tarde como profissionais. Somente com organização conseguiremos conquistar nosso lugar ao sol.

Um dos grandes problemas que enfrentamos é a banalização da nossa profissão. Sabemos que hoje, muitos dos que trabalham com comunicação não têm a formação necessária para atuar em tais funções. Essa herança, vinda de um Brasil que aos poucos reconhece a importância da formação universitária, causa impacto na qualidade dos produtos midiáticos e fundamentalmente mantém a péssima remuneração da categoria. Sendo assim, é importante que desde já estabeleçam-se relações de união entre os futuros profissionais de comunicação a fim de lutarmos pelos nossos direitos e assegurarmos a qualidade do trabalho produzido.

Desse modo, um grupo de estudantes dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas decidiu se reunir, interessados em desenvolver um trabalho para manter funcionando de forma plena o Diretório Acadêmico Tupac Amaru. O grupo se chama Esfera Pública. Esse termo ganhou força no campo da comunicação a partir do trabalho do filósofo alemão Jürgen Habermas, sobretudo por trazer ao debate o papel da mídia de massa na política contemporânea. Para Habermas existe um espaço para as pessoas discutirem idéias fora da vida doméstica, da igreja ou do governo. Seria um espaço público como a praça, as ruas, as arenas, onde as pessoas falam abertamente. Os pensamentos são elaborados livremente, discutidos e argumentados de forma democrática. Este espaço tende a diminuir sob a influência das grandes corporações e da mídia de massa, é a estratégia de dividir para conquistar. Neste contexto surge a Internet como nova esfera pública que, devido as inovações tecnológicas alcançadas na última década, parece ser um lugar onde todos podem expor suas idéias de forma livre.

Sendo assim, queremos fazer valer esse conceito e colocá-lo em prática aqui na Unisinos, especialmente no Curso de Comunicação Social. Precisamos de um espaço onde possamos discutir nossas idéias sem sofrer a influência de nenhuma instituição, ou seja, uma Esfera Pública. Um local que proporcione a liberdade de expressão plena e onde os estudantes de comunicação sintam-se bem, a fim de desenvolver uma produção midiática própria e sincera, buscando no experimentalismo uma forma de conhecimento que não é oferecido nas salas de aula. Esse modo de organização possibilita a identificação do que cada um faz de melhor para que haja convergência de objetivos, o que poderá ser o diferencial entre um profissional robotizado pela graduação que apenas “prepara para o mercado” e um outro que desenvolveu uma consciência crítica ao longo do curso.

3 comentários:

Natália disse...

ótimo discurso.


Saudações.

Anônimo disse...

Eu tenho consciência, opinião e sei defende-las. MAs e a maioria? E o mercado de fato quer profissionasi independentes?

Gabi disse...

Isso é muito complicado. Parece que a maioria não se detém na importância de estudar COMUNICAÇÃO SOCIAL (olha o peso dessas duas palavras), e acaba buscando mais status do que uma mudança. É triste saber que muitos não se detém na importância de um diretório acadêmico, que muitos acham inútil se manifestar.
E como mudar isso?
Sendo o oposto do que esses muitos pensam ser certo. Temos q fazer barulho de forma inteligente. Só assim corremos o risco de sermos ouvidos.

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